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OPINIÃO: Nem a saúde escapou das fake news

Não bastasse a polêmica das manifestações antivacinas causando, entre outros efeitos, o retorno do sarampo, precisamos enfrentar fake news na área da saúde. Ainda sobre o movimento antivacinação, a Organização Mundial da Saúde (OMG) alerta que esse é considerado um dos 10 maiores riscos à saúde global em 2019. É completamente absurdo pensar que a recusa em vacinar seus filhos pode retroceder no progresso alcançado no combate às doenças imunopreviníveis. A OMS alerta que a vacinação evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outras 1,5 milhão poderiam ser prevenidas se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo. Importante salientar que, em 17 anos, a vacina contra o sarampo, por exemplo, foi capaz de salvar a vida de 21 milhões de pessoas, diminuindo o número de mortos em 80%. No entanto, a doença retornou, inclusive nos países que estavam próximo de erradica-la.

Sobre a fake news, as redes sociais disseminaram, essa semana, que pessoas se passando por enfermeiros em uma comunidade de Santa Maria estariam transmitindo, por meio de seringas contaminadas, o vírus da Aids. Havia, inclusive, o vídeo de um rapaz apontando para esses "prováveis enfermeiros" nas ruas praticando esse ato bárbaro. Basta ter um mínimo de conhecimento para perceber a falsidade da informação. Sabemos que o vírus da Aids não sobrevive muito tempo fora do organismo. Então, como estariam transmitindo o vírus na ponta de uma agulha? Justo os profissionais da enfermagem, àqueles que atuam diariamente no cuidado acolhedor aos usuários dos serviços de saúde? Enfermeiros, inclusive, que em geral, recebem baixos salários e não possuem o reconhecimento merecido. Eu, como enfermeira que sou, estou indignada com essa informação infundada. O mais triste é lembrar que essas notícias falsas de transmissão da Aids já foram veiculadas no início da epidemia, na década de 1980. Mas, acreditar nessa tolice em pleno 2019, quando já sabemos como a doença é realmente transmitida, é incoerente. Estamos andando para trás?

Só uma perguntinha: quem ficou assustado com essa fake está se prevenindo como deveria das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)? Sim, estou questionando se usam preservativo nas relações sexuais (todas)? Pois essa é a principal forma de transmissão do vírus HIV desde o início da epidemia até os dias atuais.

Hoje, atuo como professora universitária e incluo nas minhas atividades a participação nas visitas domiciliares junto aos agentes comunitários e acadêmicos dos cursos de enfermagem e medicina em alguns bairros da nossa cidade. Posso garantir que esse trabalho é desenvolvido com extrema responsabilidade e comprometimento por parte de todos os envolvidos. Saliento aqui, inclusive, a importância da figura do agente comunitário no sistema público de saúde. Trata-se de um profissional que trabalha acompanhando a situação da saúde das pessoas e ajudando a terem melhor qualidade de vida. Conhecem muito bem o território e atuam de forma ativa com respeito e ética. Atenda bem os profissionais de saúde, caso você receba sua visita. O objetivo de todos eles é cuidar de você, da sua família e do ambiente onde moram.

Só (re)lembrando: as fake news costumam atrair muita atenção das massas, principalmente quando estas estão desprovidas de senso crítico. Não entre nessa. Não compartilhe notícias falsas.

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